sexta-feira, setembro 08, 2006

Brasil

Recebi recentemente, por parte de um brasileiro, uma simpática mensagem de feedback relativamente a este blog. De forma elogiosa disse-me que nós “d’além mar”, entendemos o surf
de maneira bem peculiar...

Também me parece que a forma de entender o surf varia com a cultura que o aloja... Mas quais serão as principais diferenças entre a forma brasileira e a portuguesa?

Adriano de Sousa "Mineirinho", foto em http://oakley.com/


Talvez seja uma generalização
abusiva pensares que a forma de entender o surf em Portugal é toda coincidente com a minha... Não é...

Gosto de tentar preservar a ideia que o surf é também companheirismo e partilha... Tento olhar mais para as boas atitudes e experiências positivas que do surf se obtêm, mesmo sabendo que, hoje em dia, ele também nos oferece inúmeros aspectos negativos, como o crow
d, o localismo, a competição exacerbada dentro de água que muitas vezes se parece sobrepor ao próprio gozo de estar dentro do mar...

Agora, há uns dias, tive a oportunidade de ver o jogo de futebol, Brasil - País de Gales (na verdade só consegui mesmo ver a 1ª parte) e comentava com um amigo, exactamente como a cultura brasileira se reflectia tanto na forma como jogavam... Bonito de se ver...



Wiggoly Dantas, 16 anos, nova bombinha brasileira, foto de Daniel Smorigo

Obviamente o mesmo acontece com outras selecções, na alemã, por exemplo, que é de uma precisão mecânica, ou na espanhola, que joga sempre de forma aguerrida... Quanto aos portugueses não consigo, penso eu, ter uma opinião muito objectiva... Somos, de certa forma, sonhadores e aventureiros, damo-nos a uns quantos rasgos de criatividade e somos bons a desenrascarmo-nos em situações aparentemente complicadas.
Mas, por outro lado, também sonhamos acima da realidade, tanto que muitas vezes ficamo-nos pelos sonhos e com realidades bem amargas... Estarei eu apenas a falar de futebol? Acho que não… Tudo isto se aplica, de certa forma, também ao surf...


Neco Padaratz, mesmo impedido de surfar na perna europeia do WQS já quase garantiu a sua presença no WCT do próximo ano, foto de Noemie Ventura

O surf no Brasil vejo-o verde e amarelo, como a vossa bandeira, ora revendo a energia do samba no shortboard, ora o doce balanço da bossa nova nas longarinas... Parece-me que aí as coisas também são piores no aspecto financeiro, se bem que nesse aspecto, se muito bem calha, qualquer dia estamos equiparados. Tenho a idéia que a molecagem brasileira tem de batalhar muito mais para conseguir uma tábua, um patrocínio ou qualquer apoio monetário, mas também constato que até isso utilizaram a vosso favor, formando surfistas cheios de garra, verdadeiros lutadores e muitos campeões...


... Mas isto talvez seja apenas uma visão de quem tenta sempre olhar as coisas pela positiva!

Já agora, eu mencionei como ponto a vosso favor as meninas da Reef Brasil?

8 comentários:

quebracoco disse...

Boas!

Queria te agradecer a força que deste para o meu blog, e dizer que acho exactamente o mesmo que tu! O facto de criar o blog, vai-me obrigar (no bom sentido) a me dedicar mais à fotografia essencialmente. Vai servir assim de motivação..! ;) Aliás das primeiras coisas que pensei foi "agora que tenho o blog, tenho que passar mais tempo na praia/nos dias de ondas, rumar a uma praia e fotografar"...

Obrigada!
Continuação de Bom Trabalho no teu blog!

Pedro Ferro disse...

Obrigado e igualmente...

Anónimo disse...

Uma análise curiosa e com muita verdade,sô Pedro!

Parabéns e continua a escrever no blog!

P.S.esse Wigolly n é uma bombinha...é mesmo um pack inteiro de dinamite.Vi-o ganhar o king of the groms o ano passado em França e o puto destroi tudo!!!

P.S.2 ainda assim acho q o surf dos brazucas...falta qq coisa,qdo saem dos beach breaks :) com excepçoes,claro!

Pedro Ferro disse...

É no surfista brasileiro comum que denoto mais diferenças, bem como nos putos. Gosto da linha deles, com mais dança que nós por cá...

Também é verdade que alguns prós brasileiros têm um estilo menos conseguido... mas não será já isso a excepção?
Do outro lado temos também o Fábio Fabuloso com uma das linhas e estilos, que eu considero dos mais bem conseguidos dos últimos tempos.

De todas as maneiras surpreende que daqueles beachbreaks e daquelas ondas saiam tantos talentos. Tal como me surpreende a Florida com os seus CJ's, slater's e afins...

Anónimo disse...

Bom já que ninguém alogia, elogiu eu os bons rabos que escolhes-te para meter a dar cor neste texto... :D

Confesso que apesar de adorar o mar e gostar de ver surf, nunca me puxou muito para me meter em cima de uma prancha...

Parabéns pelo blog ;)

Anónimo disse...

O Surf para mim é como lutar estando em paz (com o mar), é fazer despertar a adrenalina para relaxar, é espiritual sendo algo comum. Estar no Surf de forma inexperiente ou profissional, fazer as manobras de maneira gingada ou rígida não é importante. Quer sejamos, verdes, vermelhos ou amarelos sentimos o mesmo, o Surf é algo único e pessoal e isso é que faz dele a nossa paixão…
O surf corre nas tuas veias e isso reflete-se na escrita. Continua

Um abraço,

Cuze disse...

Este post está deveras interessante. Uma perspectiva interessante das coisas. Gostei muito. Mas destaca-se sem duvida natural alegria e energia brasileira, em contraste com a nostalgia e melancolia cinzenta dos tugas!!

hasta
abraço

Pedro Ferro disse...

A questão é como se traduz no surf luso essa "nostalgia cinzenta dos tugas"...