quarta-feira, setembro 13, 2006

Competição

Há quem sinta que a competição não encaixe na sua definição de surf, que tenha uma visão purista do acto e o veja apenas como gesto de expressão pessoal, sem espaço para apreciações alheias. Percebo e até acho bonito, mas não partilho essa imagem.


Kelly Slater e os seus 7 títulos de campeão do mundo, é a face do surf de competição, foto de Sam Jones

Eu gosto de surf de competição. Acima de tudo porque também gosto de ver surf para além de o praticar, principalmente se ele se apresentar de excepção como é habitual nos campeonatos do mundo…


Sei que os campeonatos e as marcas de surfwear que os patrocinam promovem o surf e tornam a sua prática cada vez mais generalizada, obviamente que lhes interessa alargar o mercado e obter maiores lucros e quanto a esse aspecto assumo, sem sombra de dúvida, uma atitude egoísta… Quantos menos formos melhor.

Joel Parkinson é, a meu ver, um dos surfistas do tour mais excitantes de ver em acção. Aqui com a sua mulher e a sua filha Evie Parkinson: “- Papá, papá, hoje vais ganhar tu, não vais?”, foto http://www.aspworldtour.com

Mas de outra forma, é o lado competitivo do surf, enquanto desporto, que eleva os patamares de performance, é ele o principal responsável pela evolução do surf, pela criação de novos artigos, melhores pranchas e shapes optimizados… É graças a ele que se investigam hoje de forma profunda novos materiais, se criam fatos mais quentes, elásticos e confortáveis, se estuda a influência dos fins, da sua forma, tamanho e flexibilidade na surfada… ou seja, existe esse aspecto da competição que coloca todos a ganhar, até aqueles que não gostam dela…

Dane Reynolds a redefenir o conceito de aéreo, em 2005 Boost Mobile Pro, foto http://www.aspworldtour.com

Existe ainda um aspecto que acho muito interessante, que é o facto de achar que as regras das provas acrescentam uma nova dimensão ao desporto, não interessa apenas surfar melhor, é necessário assumir, igualmente, a melhor estratégia, ter o melhor timming, é saber fazer uso da prioridade, saber avaliar o risco de tentar uma manobra mais radical, saber arrancar mais pontos numa manobra ao executá-la nas zonas mais críticas da onda e é saber finalizá-las por completo.

Eu sempre fui extremamente competitivo, não quero dizer com isto que me importo especialmente se ganho ou se perco, mas sim, que acho que quando se aposta, nem que seja uma imperial, as coisas se tornam muito mais interessantes…

Ontem começou o Boost Mobile Pro of Surf em Lower Trestles, San Clemente, Califórnia. O 7º evento dos onze que constituem o WCT (World Champion Tour). Para gáudio de todos os que partilham este gosto pelo surf de competição, pode-se apreciar a prova em directo no site oficial da mesma.

San Clemente Pier, foto http://www.aspworldtour.com

3 comentários:

Anónimo disse...

Boas “ondas”,

Vou tentar acompanhar o WCT, pois partilho contigo a opinião de que a observação é benéfica, através dela podemos aprender e se essa aprendizagem for com os melhores então de certo que é tempo bem empregue, além disso o espectáculo é só por si merecedor do tempo despendido. Fico a espera de mais crónicas, até breve.

Um abraço,

Cuze disse...

eu sou dos mais puristas!! não me diz muito a competição por si só, ainda que esteja de acordo ctg quando referes as inumeras vantajens que esta já trouxe directa ou indirectamente ao surf enquanto desporto... mas continuo a achar que poucas ou nenhumas vantagens trouxe ao surf enquanto filosofia de vida, mais do que simples desporto.

hasta
abraço!

Pedro Ferro disse...

Talvez se encontrem mais alguns exemplos de como a competição "trouxe ao surf enquanto filosofia de vida" algo de positivo.

A própria possibilidade de se poder ser surfista profissional, ou seja, ser se pago p surfar, leva imensos miúdos e outros mais graúdos a tomar uma filosofia de vida assente na sua prática, em viagens e num estilo de vida saudável...

Por outro lado temos também o arrojo na forma de surfar, as manobras, os tubos, a radicalidade, que nasce entre as fileiras de competidores e que se vai transmitindo ao surfista comum, podendo traduzir-se numa maior diversão, realização e alegria...

Lembro-me ainda dum facto que hoje em dia n passa despercebido, que é o da visibilidade que a competição oferece aos surf e que pode ser usada na defesa de praias, ondas e de meios ambientes marítimos...
Vejam no site do campeonato, como exemplo deste último ponto, um esclarecimento acerca do impacto ambiental que a construção de uma estrada pode ter na zona: http://www.boostmobilepro.com/Lounge.aspx?file=trestles.html