sábado, setembro 23, 2006

Restart



O surf funciona para mim como contrapeso na minha balança da sanidade mental… Eu explico, mas começo por esclarecer que já lá vão quase três longas semanas sem surf…

Dizia eu que explicava, pois então, irei tentar…


A vida consome-nos diariamente a atenção para ninharias, para problemas, para arrelias, para esforços inconsequentes… Por muito boa atitude que queiramos ter, existem questões que se apoderam de nós e nos envolvem em tensões, em stress, que nos enchem a cabeça e que não nos deixam tomar uma postura relaxada perante o dia a dia…

O surf desenvolve-nos uma maior aptidão de equilíbrio, foto de David Pu'u

Acredito que é essencial termos a chave que nos liberte de toda essa carga emocional negativa… A minha é sem sombra de dúvidas o surf… Quer dizer, haverá outras, como a música, o estar com os amigos, o beber copos, o ter sexo, etc, etc… Mas, pessoalmente, a que é mais funcional, a que assume a excelência em termos de eficiência, é sem dúvida o entrar no mar e surfar!

Para mim funciona como “restart”, é como se água dissolvesse o que não me é essencial e me deixasse novamente solto e eu próprio.


Surf ao pôr-do-sol, haverá melhor terapia? Foto de David Pu'u

Sinceramente não percebo a razão por detrás de tão grande força libertadora… Facilmente poderia embarcar em considerações de índole psicanalítica e comparar a entrada na água do mar com o retorno ao líquido amniótico que nos protege ainda enquanto fetos e que com isso procuramos essa sensação inicial de conforto e segurança… Mas, sinceramente, tudo isso me parece muito rebuscado… O mar liberta porque liberta, ora essa… Porque soltamos uma energia imensa no drop… Porque a atenção dispensada na tentativa de consonância com o mar nos faz esquecer que o mundo existe p além da onda e de nós próprios… Porque balançar ao sabor das ondas nos embala e nos conforta… Porque sentados na prancha à espera do próximo set olhamos concentrados a linha do horizonte… Porque o pôr-do-sol visto dentro do mar se assemelha a um espectáculo apreciado num camarote de luxo na primeira fila…


Ir surfar não se resume apenas a ir para dentro do mar. Ir surfar é também disfrutar de toda a envolvência natural existente nas praias. Algas sobre os calhaus da maré baixa, foto de José Romão, livro "Cabo da Roca" (qualquer dia terei de falar inevitavelmente deste livro).

Num mundo pleno de actividades e distracções virtuais, num tempo onde tudo se quer imediato e de fácil consumo, surfar ainda pode ser algo de orgânico… coisa simples… que nos reafirma o que é verdadeiramente importante e nos reorganiza mentalmente… A mim afere-me o equilíbrio da minha balança da sanidade mental e deixa-me novo e pronto para a vida…

Esta semana sei que irei ter oportunidade de surfar…

9 comentários:

Anónimo disse...

Boas “ondas”

Como te deves lembrar, alem do surf, sempre tive uma outra paixão que me dava sensações iguais as que descreves; as motas. Sempre foi da opinião que as duas coisas combinavam bem, liberdade adrenalina e talvez uma certa “solidão”, isolamento, introspecção não sei bem descrever. Mas como dizes quando se faz qualquer uma delas, fica-se limpo de toda a carga negativa que o dia a dia nos dá. Fico como sempre a espera do próximo.

Um abraço,

Pedro Ferro disse...

Bastou ler as primeiras linhas do teu comentário para reconhecer a pessoas atrás do nick "nintuga"... Um grande abraço!

Cuze disse...

Grande texto. Sinto precisamente o mesmo, acho que acaba por ser já um dado aquirido que o surf é quase terapeutico no que toca ao stress do dia a dia. Eu gosto de vê-lo assim e numa dimensão ainda maior, mais espiritual, mas metafisica, por assim dizer! No entanto a maneira como o descreves, é por si só, já bastante bela e clara para percebermos a verdadeira essência do surf na sua relação connosco.

PS: a propósito de explicações rebuscadas, dá uma olhadela no meu novo post no "Surf Sopas e Descanso".

Abraço

Luis Paulo Magalhães disse...

Metade daquilo que te preocupa fica no primeiro bico de pato. O resto vai-se diluindo no mar salgado durante aquelas duas, três horas.Quando por algum motivo estou uma ou duas semanas sem surfar todos os maus vícios começam logo a ganhar espaço...

Abraço

Pedro Ferro disse...

Sem dúvida Luís... quebrar a rotina do surf e por sua vez da vida saudável que ele normalmente confere, só dá largas aos vícios... O pior é quando se cai no ciclo, vícios/maus hábitos - má forma - menos vontade de surfar pq é um grande esforço - mais vícios/mais maus hábitos - pior má forma - and so on...
Parece que estou a pintar um cenário muito negro, mas já me aconteceu e já vi acontecer a muita gente...

O melhor é mesmo metermo-nos na água sempre que podemos, lol!

Anónimo disse...

heyas pedro
acho que ali umas quebras no texto
a coisa nao fluia 100%
a fotos, ilustrao rasoamente o pretende transmitir com texto
mas ta um beca tipo "saudoso"
moral da historia , vai surfar pahhh
lololol
[]
ass: mav

Abrasar disse...

O desporto ao ar livre sempre me cativou, talvez seja essa a razão para nos sentirmos bem depois de um contacto intensivo com os meios da natureza. Praticante de outro tipo de desporto (BTT), só há pouco tempo arranjei coragem para me encontrar com o Surf. E com a experiência de um banhista armado de prancha, posso dizer que ao contrário de outros desportos que pratiquei, o surf, no momento da sua prática não deixa um único espaço na nossa mente para pensar nos outros problemas da vida... E isso é mesmo muito bom...:)
Bom texto.
Um abraço.

Anónimo disse...

boas ondas,
Espero que este teu silencio signifique que andas a Surfar.

Um abraço,

rules disse...

Identifico-me prefeitamente com essa do restart, é mau é quadno demora mt para o fazer... TUDO DE BOM :)